quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Entrevista com Dr. Zé Rocha - 1974

América em pleno mês de aniversário, se vê diante de um assunto que para muitos, a primeira vista não merece importância pelo tempo que separa hoje de amanhã.

A sucessão do Sr. Dilermando Machado, só seria assunto de real importância, na época da eleição, em novembro próximo. Acontece porém que em pleno mês de julho, mês de aniversário do clube, a sucessão de Dilermando além de já ter sua importância natural, tem também um nome. Um mudança de direção em um grande clube como o América, sempre acarreta discussões, discórdias e até imcompatibilidades. Para o ano de 1974, porém uma grande maioria de conselheiros já demonstra quem terá suas preferências. Trata-se do Dr. José Vasconcelos da Rocha, atual diretor jurídico do clube rubro.


Quem é?

O Dr. José Rocha é um paraibano de Guarabira e nasceu no dia 23 de dezembro de 1935, tendo portanto, 38 anos sendo ainda bastante jovem.

Político desde muito cedo, fpo prefeito em Goianinha quanto tinha apenas 19 anos, logo depois de ter prestado suas obrigações militares. Aos 21, já era deputado estadual. Formando-se posteriormente em direito pela Faculdade de Direito de Maceió.

Hoje o Dr. José Rocha além de bacharel e homem de empresa é também industrial. Goza de um elevado prestígio nos meios político, social e econômico não só na nossa cidade, mas também em toda região.

Demonstrando ser um homem de uma inteligência privilegiada e possuidor de uma sagacidade muito grande, encara o fato de ser indicado como futuro presidente do América, com muita naturalidade.

P - Dr. José Rocha, caso o Conselho Deliberativo homologue sua indicação para a presidência do América, como o Sr. receberá essa indicação?
R - Existem três cargos importantes na nossa cidade e que são: governador, bispo auxiliar da diocese e Pte. do América. A indicação de um homem para um cargo tão importante, como o de ser presidente do América para min significará a confiança senão de todos, mas de uma grande maioria em mim e eu terei como principal objetivo, a retribuição dessa confiança que será traduzida em trabalho. Portanto se for eleito receberei minha eleição convicto e conscientizado de que todo o trabalho realizado por min deverá ser revestido de toda a seriedade possível, visando exclusivamente um nome: América Futebol Clube.

P - Se o Sr. for eleito, pretende dar solução de continuidade a política adotada pelo atual presidente do clube, Sr. Dilermando Machado ou terá seu próprio método de trabalho?
R - Primeiramente não tenho nenhuma restrição a fazer à diretriz adotada pela atual diretoria. Acho porém que cada um deve ter sua maneira e seus métodos. Olhe bem, que dirigir o América não é dirigir automóvel, requer muito esforço e trabalho. Tem-se que visar um objetivo e procurar alcança-lo de qualquer maneira.

P - Não é chegada a hora de se adotar uma infra-estrutura, dando ao América um funcionamente tipo empresa?
R - Sem dúvida nenhuma. Existem hoje no futebol brasileiro, clubes que funcionam como verdadeiras empresas como é o caso do Internacional e Grêmio de Porto Alegre.

P - E se o Sr. for eleito criará essa infra-estrutura?
R - Como estamos no campo das hipóteses e das condicionais, sim. Se for eleito pretendo fazer várias mudanças no América, mudanças essas que se forem feitas como devem ser, o América continuará sendo a maior agremiação do Norte-Nordeste no que concerne aos departamentos Sociais, Futebolísticas e Amadoristas.

P - Já tem algum nome que venha fazer parte da sua futura equipe?
R - Que é isso rapaz? As condicionais e as hipóteses ainda não me permitem tanto.

P - Se for eleito, considerar-se-á um homem realizado?
R - Não; um homem nunca deve se considerar realizado, pois a realização não é um status e sim um processo evolutivo, como a própria vida.

P - Nenhum Presidente do América até hoje conseguiu um trabalho conjunto com as três faixas etárias: jovens, adultos e idosos. Nenhum ainda se permitiu ao diálogo como os jovens que queiram ou não, são a essência necessária para fazer o América permanecer, aonde está pelo menos no que diz respeito a parte social em relação a outros clubes do Nordestes, já que em Natal não se tem concorrente.
R - Nada é impossível, muitas coisas requerem criatividade e coragem. Não custa nada tentar e se for eleito, tentarei.

P - O Sr. se considera um homem realista?
R - Se não o sou, sempre procuro ser. É necessário que se tenha constantemente os pés no chão.

P - Dr. José Rocha e o futebol Americano?
R - Igual a muitos. Perde-se aqui, ganha-se ali e se vai levando. Um dia chegará em que os americanos terão muitos anos sem as preocupações de agora.

P - Isso é uma evasiva?
R - Não, é uma certeza.

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Entrevista feita por Marcelo Dieb Vieira, para a revista do América, comemorativa do 59º aniversário, em 1974.
Agradeço a Igor Pereira, por tal material.

Um comentário:

Nelson Rodrigues de Barros disse...

Dr. Rocha é um grande homem e um grande americano.